Ficamos esperando os outros chegarem, junto com o professor.
Ao ver a maçaneta rodar, fiquei de pé. Passaram-se 15 minutos desde que chegamos. Era Victor, Vanessa, e mais alguns novatos.
-
Queen! Ficou a minha espera? – Victor dizia, me agarrando pela cintura, puxando-me para si.
- Calado,
Monstro. – respondi, tentando me soltar.
- Por que não pode me amar, hein? – soltou-me, indo para o outro lado da sala. Estava com uma fisionomia triste.
Não respondi, apenas sentei na mesa do professor. Vanessa veio até mim, ficando na minha frente. Ela me perguntou várias coisas sobre Victor, respondi tudo, depois virei à cara, fixando meu olhar na janela.
- Boa tarde turma! – a porta se abre. Reconheci aquela voz, era a mesma de hoje de manhã. Era o professor. – Desculpe-me pelo atraso.
- Bom dia. – respondi, mantendo meu olhar na paisagem de fora.
- Porque a senhorita não se senta no chão como os outros? – ele perguntou, tocando em meu ombro.
- Porque eu sou a Queen. Ou você não sabia? – respondi, encarando-o com um olhar mortal. Ele virou a cara, e ficou na minha frente, de costas para mim.
Ele tinha uma cara de chato, uma voz irritante e um cabelo que me irritava. Eu não havia gostado dele, e nem irei gostar.
- Só para saber, ela sempre se senta à mesa? – o professor perguntou, apontando para mim. Leon respondeu que sim. – Certo. Meu nome é Joe, sou o novo professor de teatro, e quero saber o nome de vocês.
- Perdão, Joe. – disse, tocando no ombro dele. – Nós nunca revelamos nossos nomes, temos nomes artísticos.
- Eu quero saber o nome de vocês primeiro, e depois o artístico então, certo? – ele voltou a olhar os outros, apontando cada um.
“Leon – Grigori.” “Victor – Gilbert” “Vanessa – Mary” “Clarice – Drama Queen”
- Vocês são os únicos veteranos? – ele perguntou.
- Somos. Éramos em 30, mas 26 desistiram. – Leon respondeu, se levantando e me puxando, fazendo-me sentar no chão, ao seu lado e o de Vanessa.
- Então, quero que vocês vão para o palco, enquanto eu ensino as técnicas do teatro para os outros.
Levantamo-nos e fomos para o palco. Não tinham mudado nada. O cheiro estranho ao entrar naquele lugar, as cortinas azuis, e as cadeiras também. A bandeira de nosso país, junto com a da nossa escola. A Cabine de som. Tudo estava como antes.
Fui até o palco, enquanto Leon e Vanessa conversavam sentados. Victor me puxou, agora me abraçando. Não conseguia mexer meus braços, eu tentava me soltar dele, mas não conseguia. Ele mordeu minha orelha, sussurrando.
-
Queen eu te amo tanto... Por que não podes me amar?
- Porque ela é minha irmã, e não vou deixar nenhum pervertido encostar nenhum dedo nela. – Leon respondeu, aparecendo. Ele me puxou, me abraçando.
Victor olhou feio para ele, mas depois virou as costas e foi se sentar. Soltei-me de Leon e me sentei também, só que no palco. Mal demorou para o professor chegar.
Ele veio somente para avisar que amanhã iriamos começar a atuar. Peguei minhas coisas e fui embora, sem olhar para trás. Senti uma mão tocar em meu ombro. Era Leon. Ele me puxou, fazendo-me ficar ao seu lado. Ainda não havia passado dos portões da escola.
- Calma mocinha! Onde pensa que vais com tanta pressa?
- Para a casa. Tenho que descansar.
- O que o Victor está tendo contigo? Estão Namorando?
- Não! – respondi de imediato, corando. – ele que fica agarrando-me, chamando-me de Queen.
- Não seria uma má ideia tê-lo como cunhado... – Leon me ignorou totalmente, depois soltou um sorriso, me abraçando.
Cruzei os braços e continuei a andar, logo vendo a casa de meu Nii-san.
- Adiós, Grigori! – disse com um sorriso, indo em direção a minha casa. Ele acenou para mim antes de entrar.
Continuei meu caminho, chegando à porta da minha casa. Fico procurando minha chave na bolsa.
- Queres isto? – Uma voz dizia atrás de mim, me abraçando.
- Victor. – Respondi me virando, olhando para ele com um olhar mortal. – Devolve a chave.
- Não irás me convidar para entrar?
- Se você me devolver à chave, posso até convidar. – disse, com um sorriso. Ele caiu direitinho, dando-me a chave. – No dia que chover rosas, que eu for a estrela e que eu não escute nenhuma uivada. – respondi, entrando em casa e fechando a porta com força.
Coloquei minha bolsa e minha chave na mesinha que havia, e me joguei no sofá. A raiva que eu estava de Victor era inexplicável, era capaz de eu pular da minha varanda de tanta raiva que eu estava. Por que ele teve que aparecer justo agora? Por que ele não pode me entender? Sou tão complicada assim?
Não importava mais. Levantei-me e fui ao meu quarto, pegando meu pijama e me dirigindo ao banheiro. Troquei-me e voltei ao meu aconchego, me deitando na cama e caindo em um sono profundo.
“Você só tem a mim. Venha para mim. Eu te Amo. Não deixe ninguém estragar nosso amor. Pense no futuro. Não olhe para trás. Siga minha voz, Queen.” Acordei desesperada. Acalmei-me, era só um sonho. Olho para o lado e vejo um fio de cabelos negros. O que era aquilo? Senti braços me agarrarem, logo percebi que era Victor. Retirei o edredom decima dele. O mesmo me puxou para baixo, fazendo nossos olhares se encontrarem.
- Não posso esperar tanto para aceitar entrar em sua casa. – Olhei para a varanda, a janela estava aberta.
- PORQUE VOCÊ INVADIU MINHA CASA? – Gritei, tentando me soltar.
- Acalme-se. Você é mais calma dormindo.
- ME SOLTE!
- Não irei soltar-te. – Ele respondeu, aproximando mais seu rosto do meu.
Ao sentir que ele iria me beijar, virei minha face, fazendo-o beijar minha bochecha.
- É assim? – Victor agarrou minhas mãos, subindo em cima de mim. – Você não pode negar que sente algo por mim, não é?
- Eu... EU NÃO TE AMO! – respondi, virando minha face novamente. Com uma mão ele conseguiu segurar meus pulsos, e com a outra segurou meu rosto, aproximando tua face da minha.
Fechei meus olhos com força, e senti seus lábios tocarem nos meus. Não me deixei levar, e tentava soltar meus pulsos, arranhando sua mão. Ele me soltou, colocando suas duas mãos apoiadas no colchão.
Envolvi meus braços em seu pescoço e fixei meu olhar no dele. Nossos lábios haviam se separado. Abri um pequeno sorriso, aproximando meu rosto ao dele, e por fim, chutei suas partes baixas, soltando-o.
Não consegui segurar o riso em meio de suas reclamações. Ele queria gritar, mas sabia que só iria piorar as coisas.
- Ai, Alice! Isso dói!
- Você me chamou do quê?
- Alice. Alice Tavares. Lembra-se desse nome?
- Não ouse me chamar de Alice de novo, ou faço você gritar de dor. – me levantei, trancando a janela da varanda, junto com a cortina.
- Eu sei de toda a sua história. Meus pais eram amigos dos seus.
- E porque
você sabe da
minha vida? – Me sentei na cama, cruzando as pernas. Victor se sentou ao meu lado.
- Já não te disse? Eu te amo. – ele riu. – Do jeito que meus pais a descrevem, você é igualzinha à Alice.
Olhei para baixo, deixando minha franja cobrir meus olhos. Não era legal ouvir tudo o que falavam de minha mãe, sem eu ao menos conhecê-la. O único que eu sabia era a aparência dela, por causa de uma foto que eles tiraram comigo ainda recém-nascida. Os pais de Leon nunca comentaram de meus pais para mim, só quando eu insistia. E foram poucas vezes. Senti uma lágrima rolar por um de meus olhos. Por que ele disse logo o nome da minha mãe?
As mãos de Victor levantaram meu rosto calmamente, ele me fez olhar diretamente em seus olhos.
- Olha... Eu não sabia que você era tão sentimental por causa de seus pais, perdão... - interrompi-o.
- Tudo bem. Já passou. “Não olhe para trás”. – respondi, limpando a lágrima que havia escorrido.
- Então, você pode esquecer o nosso passado também, e voltar a me amar, não é? – Mas que safado! Aproveitou de meu momento sentimentalista!
- Claro que não, seu pervo. Eu não irei esquecer o que você fez.
- Ah, por favor! Só por hoje então! Eu sei que dentro de você existe uma Clarice saltitante.
- Não vou me entregar a você. – respondi, voltando a me deitar. – Estou com sono, amanhã tem aula. Por que não vai para casa?
- Porque eu disse que iria dormir fora hoje. Você não vai me negar um abrigo, vai? – Victor voltou a se deitar ao meu lado. Virei-me para a varanda, e ele me abraçou.
- Certo. – disse, corando um pouco. Senti sua respiração em meu pescoço, dando-me leves arrepios. Fechei meus olhos e dormi, torcendo para que amanhã eu acorde sem ele ali.