Não gosto das pessoas. Sinto que elas não gostam de mim.
Por que fui criada? Em meu canto escuro, questiono-me mais: Por que estou aqui? Justo aqui?
As belas vozes que ouço às minhas costas são uma dádiva e uma tortura: enquanto admiro-as, meu coração (se é que realmente o tenho) doía ainda mais entre os pulmões expremidos graças ao meu corpo curvo e abraçado aos joelhos. Lágrimas silênciosas, no máximo acompanhadas com breves soluços, escorriam por meu rosto, molhando a calça escura a qual vestia.
Eu não tenho voz. Não tenho expressões. Não tenho sentimentos. Não para o mundo. Não para quem me via. Quando via. Quando me notava. Quando dava-me um pouco de atenção.
Com aquilo guardado por tantos meses em meu coração, não aguento mais. Sem pensar em quanto interferia na música de alguém, entre as palavras amorosas e inocentes, começo a chorar em pranto, com um grito choroso acompanhando uma torrente de lágrimas.
A música parou então tento abafar o escândalo que faço ainda sentada no chão, as mãos na cabeça e o corpo curvando novamente. Porém meus olhos não querem obedecer e continuam chorando. Será que sou tão inútil a ponto de nem meu próprio corpo me dar valor? Para obrigar-me a prosseguir nesse vexame dado em altas vozes?
- Sua voz é bonita. - uma voz declara logo atrás de mim.
Com o susto, viro o rosto rápido, as faces vermelhas e marcadas logo encarando um rosto surpreendente bonito com um sorriso sem pena, mas com explícita alegria de viver sob longos cabelos verdes amarrados em maria-chiquinha. Miku dobrara completamente os joelhos apesar de não sentar e me encara nos olhos com os olhos reluzindo com simpatia. Quase morrendo de tanta vergonha, busco ir mais junto à parede sentindo mais lágrimas escorrendo sem autorização. A outra não muda a o semblante.
- Tenho certeza que fica mais bonita cantando. - continua - Nunca a tinha visto falar. Pensei até que não tinha voz, desculpa! - e ela joga a cabeça para o lado graciosamente com um sorriso levemente constrangido.
Mas... eu não tinha. Já tentara falar... e eu não tinha.
Meus olhos vão de um lado para o outro, agitados, demonstrando um pouco da minha enorme surpresa e incredulidade. Mal começo com isto e já sinto uma mão segurando a minha, obrigando-me a levantar.
- Vem! Canta também! - Miku fala animadamente enquanto me puxa correndo na direção de um palco a dez metros de distância.
- E-e-espere! - digo, suando frio tanto de incredulidade quanto de receio. Eu tenho uma voz! Eu tenho uma voz e estou prestes a expô-la! Ah!!!
- Quer que eu cante com você? - pergunta ela como se lendo meus pensamentos, o rosto virado para mim enquanto mantinha o passo. - Mas você tem que cantar também, viu? Quero que se torne uma de nós!
Arregalo os olhos.
- Vo-ca-loid?...
Ela assente com um movimento determinado de cabeça. Pareço que terei um ataque de tão pasma.
Subindo as escadas, meus pés quase tropeçam e o medo de um vexame, desta vez público, cresce em mim. Já no centro, ela solta minha mão e ponho as mãos diante do peito em gesto claro de timidez. Meus olhos lacrimejam novamente e minhas bochechas queimam.
- Vamos cantar Dear! Eu começo e depois você continua - fala simpática.
E a música soa. Primeiro a introdução e nela olho desorientada para Miku. Já ouvira aquela música, no entanto há diferença entre escutar e cantar!
O sorriso feliz dela me acalma. Não consigo pensar em mais nada. Chegou a hora. Fecho os olhos nervosamente e começo a cantar na companhia da minha nova amiga. Será presunção chamá-la assim?
Espero que não.
Por que fui criada? Em meu canto escuro, questiono-me mais: Por que estou aqui? Justo aqui?
As belas vozes que ouço às minhas costas são uma dádiva e uma tortura: enquanto admiro-as, meu coração (se é que realmente o tenho) doía ainda mais entre os pulmões expremidos graças ao meu corpo curvo e abraçado aos joelhos. Lágrimas silênciosas, no máximo acompanhadas com breves soluços, escorriam por meu rosto, molhando a calça escura a qual vestia.
Eu não tenho voz. Não tenho expressões. Não tenho sentimentos. Não para o mundo. Não para quem me via. Quando via. Quando me notava. Quando dava-me um pouco de atenção.
Com aquilo guardado por tantos meses em meu coração, não aguento mais. Sem pensar em quanto interferia na música de alguém, entre as palavras amorosas e inocentes, começo a chorar em pranto, com um grito choroso acompanhando uma torrente de lágrimas.
A música parou então tento abafar o escândalo que faço ainda sentada no chão, as mãos na cabeça e o corpo curvando novamente. Porém meus olhos não querem obedecer e continuam chorando. Será que sou tão inútil a ponto de nem meu próprio corpo me dar valor? Para obrigar-me a prosseguir nesse vexame dado em altas vozes?
- Sua voz é bonita. - uma voz declara logo atrás de mim.
Com o susto, viro o rosto rápido, as faces vermelhas e marcadas logo encarando um rosto surpreendente bonito com um sorriso sem pena, mas com explícita alegria de viver sob longos cabelos verdes amarrados em maria-chiquinha. Miku dobrara completamente os joelhos apesar de não sentar e me encara nos olhos com os olhos reluzindo com simpatia. Quase morrendo de tanta vergonha, busco ir mais junto à parede sentindo mais lágrimas escorrendo sem autorização. A outra não muda a o semblante.
- Tenho certeza que fica mais bonita cantando. - continua - Nunca a tinha visto falar. Pensei até que não tinha voz, desculpa! - e ela joga a cabeça para o lado graciosamente com um sorriso levemente constrangido.
Mas... eu não tinha. Já tentara falar... e eu não tinha.
Meus olhos vão de um lado para o outro, agitados, demonstrando um pouco da minha enorme surpresa e incredulidade. Mal começo com isto e já sinto uma mão segurando a minha, obrigando-me a levantar.
- Vem! Canta também! - Miku fala animadamente enquanto me puxa correndo na direção de um palco a dez metros de distância.
- E-e-espere! - digo, suando frio tanto de incredulidade quanto de receio. Eu tenho uma voz! Eu tenho uma voz e estou prestes a expô-la! Ah!!!
- Quer que eu cante com você? - pergunta ela como se lendo meus pensamentos, o rosto virado para mim enquanto mantinha o passo. - Mas você tem que cantar também, viu? Quero que se torne uma de nós!
Arregalo os olhos.
- Vo-ca-loid?...
Ela assente com um movimento determinado de cabeça. Pareço que terei um ataque de tão pasma.
Subindo as escadas, meus pés quase tropeçam e o medo de um vexame, desta vez público, cresce em mim. Já no centro, ela solta minha mão e ponho as mãos diante do peito em gesto claro de timidez. Meus olhos lacrimejam novamente e minhas bochechas queimam.
- Vamos cantar Dear! Eu começo e depois você continua - fala simpática.
E a música soa. Primeiro a introdução e nela olho desorientada para Miku. Já ouvira aquela música, no entanto há diferença entre escutar e cantar!
O sorriso feliz dela me acalma. Não consigo pensar em mais nada. Chegou a hora. Fecho os olhos nervosamente e começo a cantar na companhia da minha nova amiga. Será presunção chamá-la assim?
Espero que não.