O Coelho de Colete
Era fim de tarde. Todos na escola já se dirigiam para suas casas, ou para seus trabalhos de meio-periodo. Soul, Yoona e Mizumi se encontraram com seu irmão mais velho na porta da escola. Kya já estava esperando ali fazia um tempo e para se distrair, jogava sudoku no celular.
Soul chegou perto de Kya e o olhou de rabo de olho. Não gostava daquele cara. Ele não era seu irmão legitimo. Mas a única coisa que lhe restava era ficar com ele, pois, antes de seus pais irem para a guerra, seu pai um excelente fuzileiro e sua mãe uma grande medica, eles adotaram Kya, que, segundo ele, havia perdido a mãe no parto.
Quando Kya os conheceu pela primeira vez, Soul tinha 11 anos e ainda era feliz, pois quando soube que seus pais foram mortos friamente na guerra, ele se revoltou e desde pequeno começou a odiar os seres humanos. Mas amava apenas de Yoona e Mizumi. Afinal, eram suas irmãs mais novas e não podia odiá-las. Não era culpa delas que seus pais haviam morrido.
Mas Soul pensava que tudo tinha sido culpa de Kya. Logo depois que ele chegou, dois anos depois, papai e mamãe foram recrutados para a guerra e eles passaram a viver sozinhos com Kya. Ele tinha um trabalho em um restaurante tradicional, como garçom.
Já Yoona se dava muito bem com Kya. Com sua personalidade ativa e extrovertida, ela se aproximou rapidamente de Kya, causando certo ciúme em Soul. Desde pequenos, Yoona e Soul eram inseparáveis. Jogavam bolas juntos, brincavam no parquinho juntos, liam juntos e comiam juntos. Com a morte de seus pais, mesmo revoltados e tristes, às vezes pegavam o álbum de fotos da família e choravam, lembrando de como sua mãe os forçavam a comer a salada ou como seu pai os pegava e colocava-os no ombro, brincando de cavalinho com eles, mesmo cansado depois de chegar do trabalho.
Mizumi era diferente. Ela era a irmã gêmea de Yoona, tinha os mesmo cabelos cor de rosa e os olhos curiosos e espertos. Porem, sua personalidade era o contrario de sua irmã. Enquanto Yoona era extrovertida, energética, boba e feliz, Mizumi era sombria, calma e nunca deixava claras suas emoções. Ela tinha um forte impulso de se afastar das pessoas e só se sentia bem e à vontade quando estava sozinha com sua irmã. Ela tem uma relação normal com Kya. Não o odeia nem o culpa pela morte de seus pais. Mas quando soube da noticia, ficou assustada e nervosa, chorou por dias até que decidiu nunca mais demonstrar suas emoções.
Os amigos de Yoona, Dean, Hoshi, Mitsugaia e Elliot, observavam o pôr-do-sol no telhado da escola. Dean estava com o corpo todo esticado no chão, com a cabeça apoiada na mochila. Ele soltou um longo bocejo e começou a falar:
- E ai gente, já que a Yoona nem o Soul estão aqui, que tal irmos para aquele restaurante tradicional onde o irmão deles trabalha?
- Você tem dinheiro? – Perguntou Mitsugaia, rude. – Porque eu não tenho se formos você vai pagar pra mim.
- Nhá, Loli-chan, você é muito malvada às vezes sabia? – Resmungou Dean, coçando o olho.
- Pelo visto não vamos. – Disse Elliot. – Se ficarmos aqui mais um pouco sem conversar o Dean cai no sono.
- É verdade. – Concordou Hoshi. Ela estava sentada do lado de Mitsugaia e procurou seu colo, para descansar um pouco. – Nee, Loli-chan... O que vamos fazer quando chegarmos em casa hoje?
Mitsugaia abraçou Hoshi e disse:
- Eu tenho um pouco de dever de casa para fazer. Vou aproveitar que o velho tem uma biblioteca e vou procurar meu trabalho de história de uma vez.
- Aquele trabalho pro mês que vem? – Perguntou Dean. – Você pode gostar de rock, mas no fundo é só uma nerd.
Mitsugaia se levanta furiosa.
- O que você disse Dean? – Ela o pegou pelos pés e o arrastou.
- AAAA! Nada, nada! Eu estava só brincando. Era brincadeira! – Gritou ele, desesperado.
Mas antes que Mitsugaia pudesse fazer qualquer coisa com Dean, um estudante do 3º ano chegou correndo no telhado. Todos olharam para ele curiosos e espantados. O garoto ofegava e parecia desesperado.
- Oi. Vocês por acaso viram Sugawara Miki, minha irmã mais nova? – Perguntou ele, respirando com dificuldade. – Não a encontro em nenhum lugar.
Elliot se levantou e olhou pelo muro baixo do telhado. Ele se virou e perguntou:
- Já procurou ela no ginásio?
O garoto acenou com a cabeça afirmativamente e respondeu:
- Não está lá, e eu já olhei até nos vestiários.
Mitsugaia olhou para ele e começou a rir.
- Você entrou no vestiário feminino?!
O garoto olhou para ela com um olhar de reprovação.
- Eu não tenho tempo para isso. – Gritou ele. – Eu só quero encontrar minha irmã.
Hoshi se levantou do chão e limpou a calça. Ela foi até o garoto e disse:
- Ela é da minha sala. Eu a ouvi dizer que iria sair mais cedo hoje, mas imaginei que era diria a você.
O garoto olhou agradecido para ela e disse:
- Obrigada, Satsuei. Você me ajudou muito.
O garoto saiu correndo e desapareceu pela escada que dava para o telhado. Hoshi se sentou novamente e disse:
- Esse cara é todo preocupado.
Mitsugaia se sentou do lado dela e começou a traçar seus cabelos. As duas tinham uma relação muito forte. Eram amantes, e mesmo assim não ligavam para a relação irmã-irmã. Elas se amavam. E não tinha outra resposta para a união daquelas duas.
Já Dean e Elliot, eram como vilões um para o outro. Apesar de serem melhores amigos, estão sempre brigando pelas coisas mais bobas do mundo. Uma vez, Dean pegou uma almôndega do prato de Elliot e os dois finalizaram a briga com uma cadeira voando. E mesmo assim, Dean comeu a almôndega. Mas o principal motivo de brigarem é porque ambos gostavam de Yoona, mas nunca admitiam, apesar de estar na cara. Yoona nunca dava bola demais nem para um nem para o outro.
Soul era o melhor amigo dos dois, e quase sempre são vistos juntos. Mas aquela tarde tinha sido diferente. Kya havia deixado um recado na escola para que todos os três irmãos voltassem juntos para casa com ele. Definitivamente, isso não acontecia com freqüência. Alem do mais, hoje foi aquele dia. Todos os quatro amigos sabiam disso.
Hoje era o dia em que seus pais haviam morrido.
Com o pôr-do-sol já dando lugar ao céu noturno, Selene e Akira voltavam juntos para casa. Selene era a melhor amiga de Akira, depois de sua irmã mais nova, Miki, que freqüentemente desaparecia e aparecia misteriosamente no quarto.
Akira gostava de Selene, mas preferia guardar esse segredo para si mesmo. Selene era uma boa garota, era inteligente, era poliglota e tocava violão. Ela sempre estava sorrindo, mas Akira sabia que mesmo parecendo estar alegre, ela guardava sentimentos obscuros e tristes. Ela havia perdido os pais em um acidente de carro quando ela tinha 10 anos e a partir daquela época, sempre se esforçou para ser bem-sucedida e não demonstrar que odiava o fato de que seus pais tinham morrido.
Eles voltavam conversando sobre uma prova que haviam feito no dia, mas, como já esperavam, mudaram de assunto rapidamente.
- O que você vai fazer hoje à noite? – Perguntou Akira.
- Eu tenho aula de dança daqui a pouco, mas vou estar livre à noite. – Respondeu ela.
- Ah, é que eu queria saber se... – Ele fez uma pausa. – Se você não gostaria de ir comigo àquele restaurante tradicional onde eu trabalho... Vou estar de folga hoje.
Selene sorriu para ele e disse:
- As sete, então. Nos encontraremos lá.
- Tudo bem. – Por dentro, Akira estava assim: “Viva, consegui, finalmente ela aceitou meu pedido de encontro! Bem... Não é um encontro, mas... Um encontro de amigos...”. Akira acompanhou Selene até em casa e depois foi para a sua, descobrindo, como sempre, que Miki estava em seu quarto, atolada em livros.
O clima estava tenso. Kya e os irmãos mais novos andavam silenciosamente em direção ao apartamento deles e nem mesmo Yoona se atrevia a dizer alguma coisa. Ela andava de braço dado com Mizumi e Soul ia um pouco à frente delas, atrás de Kya.
Era sempre assim. Desde que os pais morreram, nessa mesma data, ninguém se atrevia a tocar em qualquer assunto que estivesse relacionado com “família” ou “guerra”. Yoona e Mizumi ficavam trancadas no quarto assistindo algum filme ou então conversando sobre alguma coisa. Soul ficava sozinho em seu quarto estudando ou escutando musica, acompanhado apenas de seu gato persa J. Kya ia trabalhar na maioria das vezes, mas sempre que chegava, preparava o jantar e sempre conversavam sobre os pais. Lembravam-se das vezes que saíram juntos, das brincadeiras que faziam com a lanterna quando a luz acabava, ou quando a panela de brigadeiro da mamãe explodiu no fogão e eles todos limparam com os dedos e línguas. Yoona pegou um pouco de chocolate e fez uma bolinha no nariz da mãe e do irmão adotivo e disse que eles eram gatos de chocolate.
Quando o jantar acabava, todos iam dormir pensando nos pais e, por mais que não quisessem, Yoona e Mizumi sempre choravam e Kya e Soul confortavam-nas. Mas então, Kya quebrou o silencio e começou a falar.
- Podemos passar em casa e deixar suas mochilas lá?
- Por que, vamos a algum lugar? – Perguntou Soul, emburrado.
- Estou pensando em levar vocês para jantar fora. Naquele restaurante tradicional onde eu trabalho. – Respondeu ele, ignorando Soul. – Estou de folga hoje.
Yoona e Mizumi não disseram nada. Soul ficou calado. E então, Kya tomou a decisão.
- Então, vamos para lá hoje.
E depois dessa frase, ninguém se atreveu a dizer mais nada no caminho. Quando chegaram em casa, Yoona e Mizumi foram tomar banho. Soul usou o banheiro da sua suíte e Kya esperou as irmãs saírem primeiro. Quando já estavam todos prontos, eles saíram e foram para o restaurante.
Shunsui era o dono do restaurante tradicional onde Akira e Kya trabalhavam. Mas não pense que só porque ele é dono de um restaurante freqüentado 24 horas por dia que ele não era um baita de um preguiçoso.
Antigamente, antes de conhecer seu mestre Hotsuki, um grande espadachim, Shunsui levantava da cama com apenas duas palavras em mente: mulheres e bebidas. Desde pequeno sempre foi preguiçoso e folgado, mas quando conheceu seu mestre, passou a enfrentar a preguiça e começou a treinar com ele para se tornar um grande espadachim. Seu interesse sobre espadas foi só crescendo e, mesmo tendo apenas 23 anos, ele era uma pessoa que era respeitada por todos que conhecia. Seu grande conhecimento em kendo e nitoryuu faz dele uma pessoa importante na sociedade. Já foi professor de gatoinhos ricos e mimados e por pouco não os matou.
Mas como se já não bastasse ter que cuidar de um restaurante enorme, 32 garçons e 15 cozinheiros, o que era uma chatice para ele, tinha que aturar quatro malditos colegiais, que vinham pertubá-lo todos os dias.
Sim, eram eles mesmos. Hoshi, Mitsugaia, Elliot e, principalmente, o chato do Dean tinham conseguido juntar algum dinheiro e ir jantar no restaurante de Shunsui. Nesse dia, eles estavam sentados em uma mesa perto de onde Shunsui ficava sentado e era atendido por empregadas que lhes traziam de tudo um pouco do que era preparado no dia.
- Essas crianças de hoje em dia... – Resmungava ele, toda vez que via Mitsugaia maltratando Dean.
Mas ate que com Elliot, Shunsui se dava bem. Afinal, os dois até se identificavam um pouco. Elliot era um menor alcoolizado, vivia a base de doces e ficava sempre quieto, fazendo-o parecer inteligente.
Todas as noites, Shunsui contratava alguém para fazer algum showzinho no palco do restaurante. Às vezes eram teatros de fantoches, apresentações de gueixas, algum concerto de musica japonesa clássica, etc. Naquela noite, Shunsui havia contratado um garoto que tocava shamisen.
Kya, Soul, Yoona e Mizumi chegaram bem na hora que o show estava para começar. Eles arrumaram uma mesa bem próxima de onde os amigos de Yoona estavam sentados, e então, todos se sentaram na mesma mesa. Kya se contrariou um pouco de inicio, achando que aquilo deveria ser um momento em família, mas depois, concordou que não havia nenhum problema se seus irmãos ficassem com os amigos ao invés de ficar com ele e se lembrar de mamãe e papai.
- Yoona! – Diz Mitsugaia, abraçando ela. Hoshi faz a mesma coisa.
- Oi meninaaaas! – Diz Yoona, meio que de bom humor. – Puxa, vocês ainda estão com o uniforme da escola?
- Sim, nós não tivemos tempo de ir em casa nos trocar. – Respondeu Hoshi.
- Puxa que coisa! – Disse Yoona.
Enquanto as meninas conversavam, Mizumi resolveu se sentar com Kya, que olhava o cardápio, com uma cara tediosa. Ela se sentou do lado dele e ajudou a escolher os pratos.
- O que você quer comer, Mi? – Perguntou Kya.
- Posso me contentar com uma porção de gyoza. – Respondeu ela.
- Yoona, Soul, o que vocês vão querer? – Perguntou Kya para os irmãos mais novos.
- Eu quero uma porção de pastéis. – Respondeu Yoona, brincando com o cabelo de Mitsugaia.
- Pra mim uma sopa de miso está ótimo. – Respondeu Soul, irritado, sentando-se perto de Dean e Elliot.
Os dois amigos de Soul estavam conversando com, ou melhor, disputando Yoona perguntando qual deles era o mais inteligente. Ela disse que ambos eram inteligentes, apenas o nível era diferente. E então, eles perguntaram quem tinha um nível mais alto. E então, Yoona respondeu que Soul tinha um nível mais alto. E foi nessa parte que eles pararam de disputar.
- Vocês não desistem da minha irmã, não é? – Resmungou Soul.
- Ela é muito fofa, Soul. – Comentou Elliot. – Já é de se esperar que todos gostem dela.
- Mas vocês não gostam dela, estão afim dela. – Disse Soul, irritado.
- Mas Soul, você mesmo tem que compreender... – Começou Dean.
- Compreender o que? – Perguntou ele.
- Olhe bem pra sua irmã. Ela é uma gatinha!
Nessa hora, Soul se irritou tanto que se levantou bruscamente da mesa e anunciou:
- Vou ao banheiro antes que eu meta um murro na cara do Dean.
Todos na mesa, inclusive Kya e Mizumi, pararam de fazer o que estavam fazendo e acompanharam, com olhos assustados, Soul se afastar e desaparecer por uma porta. Quando tudo se acalmou, Mitsugaia e Hoshi olharam ameaçadoramente para Dean e perguntaram:
- O que você fez dessa vez?
Dean ficou calado e assustado. Por pouco, não voltava para casa com um olho roxo. Elliot também ficou calado. Afinal, chamar uma garota de fofa não tinha nada de mais. E então, todos ficaram conversando e esperando seus pedidos chegarem.
“Selene está atrasada.” Pensou Akira. Ele esteve sentado na mesa que havia reservado para os dois degustando um excelente e impecável copo d’água. E já estava começando a achar que ela não viria.
Afinal, que tipo de atrativos ele tinha? Um adolescente de 18 anos que trabalhava como garçom e tinha que ficar 24 horas por dia vigiando a irmã mais nova. O que tinha de bom nisso? “Nada.” Pensou ele.
A apresentação de shamisen estava para começar. O banjoísta começava a se aprontar e a afinar as cordas e Akira nem sentiu que uma pessoa se sentava ao lado dele. Selene cutucou Akira e ele levou um susto.
- Nossa Selene! – Disse ele, rindo. – Você me assustou.
- Me desculpe Sr Distraído. – Disse ela, rindo junto com ele.
Depois de explicar seu atraso, Selene e Akira pediram seus pratos e começaram a escutar a música que vinha do shamisen. Uma música antiga, clássica, que dava uma sensação de estar novamente no período feudal do Japão. E parecia ter uma mágica incrível.
De repente, tudo na cabeça de quem ouvia a música começava a rodar e rodar. Yoona, Mitsugaia, Hoshi, Elliot, Dean, Kya e Mizumi estavam totalmente absortos e distraídos, atraídos pelo som do shamisen.
Sabe quando aqueles indianos tocavam flautas e faziam najas sair de cestos, como se estivessem hipnotizadas? A música parecia fazer a mesma coisa com os adolescentes.
Até mesmo Shunsui estava preso na música. Ele ignorava os pratos que suas criadas o entregavam e nada do que elas lhe diziam chegava aos seus ouvidos. A música era tão espetacular, tão épica e ao mesmo tempo tão tradicional, que tirava a atenção de tudo e de todos.
E então, aconteceu uma coisa que ninguém mais esperava. Quando o banjoísta terminou de tocar, ele simplesmente explodiu em confetes, deixando apenas suas roupas.
As pessoas começaram a aplaudir a apresentação, davam assovios altos e gritavam. Era uma festa. Mas nossos personagens principais estavam totalmente perplexos. Afinal, eles eram os únicos que viam um coelho de colete sair de debaixo das vestes do banjoísta?
Nem mesmo Yoona que adorava coelhos achou aquilo interessante. O coelho tirou um relógio de dentro do colete e saiu correndo. Não demorou muito e todos se entreolharam e saíram correndo atrás do mamífero super reprodutor.
“Tudo bem... Agora estou mais calmo.” Pensou Soul. Ele estava de frente para o espelho na parede do banheiro e abriu a torneira para molhar o rosto. Desde quando eles se sentiam livres para falar daquele jeito da irmã dele? Tudo bem que eles eram seus amigos, mas deviam por limites na língua.
Revoltado, Soul começou a andar de um lado para o outro no banheiro e ficava pensando se devia voltar ou não. Foi quando ele ouviu os gritos. Eram gritos de viva e aplausos eminentes, mas isso desperta curiosidade em todo mundo.
Soul saiu do banheiro e se deparou com um monte de pessoas em pé, aplaudindo e dando vivas ao homem que estava no palco com um shamisen. Ele vestia um kimono bonito, com cores vermelhas, que combinavam bem com o painel ao fundo do palco. Tinha olhos grandes e um nariz meio rosado. Parecia um coelho. O homem-coelho fez uma reverencia e saiu pelo lado direto do palco.
Soul se virou para onde suas irmãs e seus amigos estavam. Viu de cara que havia algo errado. Todos olhavam para o banjoísta com cara de bobos. Pareciam ter levado uma anestesia. Estavam paralisados. E de repente, do nada, todos se levantam subitamente e começaram a correr desesperados por onde o homem tinha desaparecido.
Claro que sim, idiota, Soul foi atrás também. Ele se esquivava das pessoas e até passou por cima de uma mesa, mas por mais incrível que pareça ninguém parecia notar seu ato de vandalismo, nem mesmo que seus amigos e familiares corriam feito loucos atrás do cara.
Soul andava em ziguezague pelas mesas das pessoas e viu que o dono do restaurante e mais duas pessoas perseguiam sua família. Os dois pareciam alunos do ensino médio, do 3º ano. Mas sem se importar muito com isso, Soul correu o mais rápido que podia e ultrapassou a todos, alcançando sua irmã.
- Mizumi! Mizumi! – Gritava ele, puxando a manga de sua camiseta. – Mizumi, o que está acontecendo?
Mas sua irmã não respondia. Ele podia ver o banjoísta lá na frente, na rua, correndo como se o diabo estivesse atrás dele. Dean era mais rápido, e corria na frente, seguido de Elliot, depois Hoshi, depois Mitsugaia, Kya, Yoona, Mizumi e ele. E logo atrás, o dono do restaurante e os dois colegiais.
O banjoísta finalmente parou de falar, e entrou no jardim de uma antiga casa abandonada. Todos pararam no passeio, com medo de pisar no jardim. Ninguém falava nada. Apenas olhava para o jardim e depois para a casa. Soul ficou maluco.
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo?! – Gritou ele. Yoona se virou para ele e sussurrou:
- Shh... Você vai espantar o coelho.
- Coelho? Que coelho? – Perguntou ele, já achando que estava delirando.
- O coelho de colete... – Respondeu Kya. E de repente, todos começaram a repetir essas palavras, como se fosses zumbis.
Soul começou a achar que eles comeram alguma coisa daquele restaurante. Pegou Yoona pelos ombros e começou a sacudi-la.
- Yoona! Por favor, acorde! – Gritava ele, no meio das falas dos amigos.
- Coelho...
- Colete...
- Casa...
- Entrar...
- Quarto...
Todos diziam coisas sem sentido. Aquela casa estava abandonada há anos e ninguém entrava lá, a não ser ratos, cães moribundos e agora, coelhos. E então, todos avançaram, sem se importar com Soul, e andaram pelo jardim tropeçando na grama, que não era aparada há séculos. Soul teve de segui-los.
Um por um, eles abriram a porta e entraram na casa abandonada. Quando Soul entrou, teve uma súbita vontade de espirrar. A casa não era limpa desde que foi abandonada. Seus moveis já perderam a cor por causa da poeira. Havia um prato posto na mesa de jantar que parecia mais cinzas do que o que um dia foi um frango. Tudo estava horrivelmente sujo e asqueroso.
Todos seguiram pelo mesmo lugar, como se já soubessem onde deveriam ir. E então, Dean abriu uma porta e revelou um quarto totalmente vazio. E era o único quarto que estava em melhores condições na casa. Quando todos já estavam dentro do quarto, inclusive Soul, Dean fechou a porta do quarto.
A batida da porta pareceu despertar a todos. Antes, tinham expressões indiferentes e faziam tudo sem a consciência de que estavam mesmo fazendo. E agora, tinham expressões confusas e cansadas. Quando viram onde estavam, todos perguntaram.
- O que estamos fazendo aqui?
- Que lugar é este?
- Não estávamos no restaurante?
E quando todos perceberam que Soul era o único que não fazia perguntas, apesar de estar cheio delas, Yoona perguntou:
- Soul... O que aconteceu? – Aquele tom de voz... Parecia que ela ia chorar.
- Eu não sei exatamente... – Respondeu ele. – Mas... Primeiro vamos sair daqui.
Soul se dirigiu à porta e girou a maçaneta. Mas para sua surpresa, a porta não se abriu. Soul forçou a porta, mais e mais, e a cada tentativa, a porta parecia se prender ainda mais. E com desespero, anunciou:
- Estamos presos.
~
Ta gomen pelo atraso... Divirtam-se lendo a fic \o/